Quem é a Batwoman?
Em 2018, o tradicional crossover
entre as séries da DC Comics apresentou a primeira versão live-action de uma
das mais celebradas heroínas desse universo: a Batwoman. Nesse universo, o
Batman desapareceu misteriosamente, então Kate Kane assumiu seu lugar no
comando das Indústrias Wayne e no combate ao crime em Gotham. A personagem fez
tanto sucesso que a CW, emissora responsável pelo Arrowverso, anunciou um
seriado próprio para a heroína, que estreou nos quadrinhos em uma versão bem
diferente, criada originalmente para salvar o Homem-Morcego da censura.
Kathy Kane, a Batwoman original
Divulgação/DC Comics
Pouco mais de um ano após estrear
nas HQs, o Batman passou a contar com a ajuda de Robin, um jovem órfão que
passou a auxiliá-lo em sua cruzada contra o crime em Gotham. Criado para
promover uma ponte entre o público infanto-juvenil e as aventuras do Homem-Morcego,
o Menino Prodígio é responsável por estabelecer o arquétipo do parceiro mirim,
figura que passou a aparecer em boa parte dos quadrinhos de super-heróis. A
parceria funcionou muito bem até 1954, quando o psicólogo alemão Fredric
Wertham publicou o livro Sedução do Inocente, que utilizou informações
incorretas e exageradas para ligar as revistas em quadrinhos à delinquência
juvenil. Com os títulos de terror como principal alvo, a publicação atacou
também os super-heróis, em especial Batman e Robin, dupla que era acusada de
manter uma implícita relação homossexual.
Para evitar que um de seus heróis
mais populares sofresse o mesmo destino das HQs de horror, que praticamente
sumiram, a DC Comics decidiu dar um par romântico para o Cavaleiro das Trevas,
dando origem à Kathy Kane, a primeira Batwoman. A heroína se tornou uma
personagem recorrente nas revistas do Batman durante a década de 1950, agindo
também como vigilante. Porém, Kathy saiu de cena em 1964, quando o editor
Julius Schwartz, decidido a renovar as HQs do Homem-Morcego removeu parte do
elenco de apoio que não considerava essencial das histórias. Com exceção de
pequenas aparições, o posto ficou vago por mais de 30 anos até a editora
apresentar uma nova vigilante que não só vestiu o manto, como também ampliou a
mitologia - e a diversidade - na cidade de Gotham.
Kate Kane - nome que homenageia
sua antecessora - surgiu em 2006 na saga 52, em que fez uma curta participação
como uma socialite que combatia o crime durante a noite. A personagem só ganhou
destaque três anos depois, quando a DC publicou o evento Crise Final, em que o
Batman é morto por Darkseid. Sem a figura de Bruce Wayne, a editora cedeu o
título Detective Comics para Greg Rucka e J. H. Williams III contarem a origem
da nova Batwoman. A heroína é filha de Jacob Kane, primo de primeiro grau de
Martha Wayne, a mãe do Homem-Morcego. Apesar da herança dos Kane, uma
tradicional família de Gotham, Jacob seguiu uma bem-sucedida carreira no
exército, onde conheceu sua esposa, Gabriele, com quem teve Kate e Beth antes
de se aposentar como coronel. Anos depois, a família Kane foi vítima de um
sequestro que terminou com a morte de Gabriele e o desaparecimento de Beth.
Inspirada pelo luto, a futura vigilante se alistou e seguiu uma curta carreira
até ser expulsa da instituição por ser homossexual.
8 momentos de representatividade
LGBTQ+ nas HQs
“Don't ask, don't tell” (“Não
pergunte, não conte”, em tradução livre) foi uma política real do exército
americano que proibia soldados homossexuais declarados de assumir cargos
militares. Na HQ, Kate é dispensada logo após ser vista com Sophie, outra
cadete recém-formada. Exonerada do serviço, ela retorna a Gotham e leva uma
vida normal até sofrer uma tentativa de assalto. Kane reage e, graças a seu
treinamento, vence o assaltante poucos segundos antes de se deparar com o
Batman, que vinha em seu auxílio antes de perceber que ela poderia se defender
sozinha. Sem saber que o Homem-Morcego é na verdade Bruce Wayne, seu primo de
segundo grau, ela se inspira na figura do herói e passa a agir em Gotham como
justiceira mascarada. Kate agiu sozinha por um tempo até ser descoberta por seu
pai, que ao perceber que não conseguiria convencer sua filha à largar a vida de
vigilante, decide colaborar com seu treinamento e a enviando para missões não
oficiais com seus ex-colegas de exército. Após dois anos se aprimorando no
exterior, ela volta para casa, onde Jacob criou uma espécie de bat-caverna e um
traje para que ela possa operar pela cidade.
Design original da Batwoman por
Alex Ross
Divulgação/DC Comics
Desde sua apresentação, a
Batwoman se tornou um dos membros mais queridos na Batfamília. Tanto pelo
visual desenvolvido por Alex Ross, que mistura o design da heroína criada nos
anos 1950 com os traços mais sombrios que o Batman recebeu na era moderna,
quanto por sua trajetória cheia de conflitos próprios. No núcleo de Gotham, a
heroína é uma das poucas aliadas que o Batman trata como uma igual, não
subordinada, a ponto de confiar a ela o comando de uma equipe responsável pela
segurança na cidade durante a fase Renascimento DC. A personagem chamou tanta
atenção que em pouco tempo chegou a outras mídias, sendo uma personagem jogável
em Lego Batman 3 e uma das protagonistas da animação Batman: Sangue Ruim, que
apresenta uma série de aliados do Batman. Fora das HQs, a personagem ganhou seu
próprio seriado, que equilibra boas cenas de ação e o drama típico das
produções da CW.
Ainda sem data para chegar ao
Brasil, a série da Batwoman fez sua estreia nos EUA em 6 de outubro. Além de
contar a origem de Kate Kane, a produção fará parte de Crise nas Infinitas
Terras, novo crossover das séries da DC que vai ao ar entre dezembro de 2019 e
janeiro de 2020.
Por: Tabata BNN
Fonte: omelete
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