Projeto Gemini: Toda a tecnologia usada pelo filme para rodar a 60 FPS no cinema
Para os gamers, a expressão “60
FPS” (ou 60 quadros por segundo) é lugar-comum. É ela que indica um patamar
ideal de performance gráfica na contagem de quadros por segundo exibida em um
jogo. É a garantia de fluidez nas imagens e precisão nos combates, uma
característica necessária, principalmente, para os games disputados em
e-sports, em que monitores de alta fidelidade e periféricos de qualidade
completam um conjunto focado na performance. E, agora, essa ideia está sendo
aplicada ao cinema.
Projeto Gemini, que chega aos
cinemas brasileiros nesta quinta-feira (10), é um feito maior do que apenas
seus trailers e sinopse indicam. A presença do astro Will Smith enfrentando ele
mesmo, só que mais jovem, é apenas a cereja de um bolo que o diretor Ang Lee
pretende entregar aos espectadores no que vem chamando de uma “inovadora
experiência cinematográfica”. Para isso, ele usará a tecnologia batizada de
3D+, que mistura o já conhecido efeito tridimensional com uma técnica de
filmagem com altíssima contagem de quadros.
Não é como se Lee fosse um novato
quando o assunto são as ideias inovadoras. Quem assistiu O Tigre e o Dragão, As
Aventuras de Pi ou até Hulk, com seu roteiro questionável, mas acompanhado de
invencionices técnicas, sabe muito bem disso. Em Projeto Gemini, entretanto,
ele se coloca na vanguarda de uma tecnologia que promete mudar as coisas,
principalmente quando o assunto são os filmes de ação, com cenas épicas de
combate ou porradaria franca entre dois protagonistas igualmente habilidosos,
separados apenas pela idade.
A ideia, de acordo com Ben
Gervais, supervisor de tecnologia da produção, é transportar o público para
dentro da ação de uma forma que só pode acontecer na tela de cinema. É
justamente por isso que, mais do que um filme, a Paramount Pictures - estúdio
responsável pelo longa - vem tratando Projeto Gemini como uma experiência e
enaltecendo o caráter técnico que acompanha a presença não apenas de Smith, mas
também de outros astros como Mary Elizabeth Winstead, Clive Owen e Benedict
Wong, que estão presentes no filme.
Muita gente torce o nariz quando
se fala em cinema 3D. O formato, que ganhou notoriedade com Avatar, de James
Cameron, mas depois voltou a ser mais do mesmo, tomou conta das salas de todo o
mundo. O problema é que o filme de Cameron foi todo idealizado com o 3D em
mente, diferente do que vemos na maioria das vezes, com os filmes apenas sendo
"convertidos" e ficando muito aquém do esperado.
Essa ideia acompanha também uma
necessidade da indústria, que, diante de uma queda do público, viu no 3D uma
alternativa para manter os lucros com ingressos mais caros e a promessa de uma
experiência diferenciada, mas que, como apontam os críticos, não adiciona nada
de verdade. Os filmes convertidos para o 3D tomaram os cinemas, mas o
resultado, normalmente, são salas despreparadas e escuras, com películas que se
tornam ainda mais difíceis de se assistir com os óculos, além de um cansaço
mental sempre presente.
Projeto Gemini deseja passar
longe dessa concepção, mas, mais do que isso, pode chegar para a mudar a ideia
de que o 3D é uma tecnologia ruim e caça-niqueis. E o segredo está, justamente,
na filmagem feita com uma maior contagem de quadros por segundo (HFR, ou High
Frame Rate na sigla em inglês) e na altíssima resolução das câmeras usadas por
Lee, que produziu o longa em 4K e o filmou a 120 FPS.
Nos cinemas, isso vai resultar em
um filme rodando a 60 FPS, o primeiro da história a chegar às telas com essa contagem.
Quem assistiu à versão de O Hobbit com 48 quadros por segundo deve saber mais
ou menos o que esperar, mas agora estamos nos aproximando do triplo do padrão
costumeiro das telas, além da promessa da Paramount de exibir uma revolução.
O menor cansaço ocular se dá,
justamente, pela maior contagem de quadros por segundo, enquanto o resultado
visual se torna impressionante pela quantidade de detalhes. A 60 quadros, é
possível notar mais detalhes do cenário e até mesmo as pequenas partículas que
se espalham durante as explosões que acontecerão ao longo de boa parte do
filme.
De acordo com Bill Westenhofer,
supervisor de efeitos especiais de Projeto Gemini, a tecnologia traz para a
visão do espectador elementos que, na projeção tradicional, seriam apenas
borrões na tela. É claro, isso também exigiu um cuidado aprimorado de todos os
setores da produção com o que aparece na tela, mas também fez com que Lee
mudasse sua forma de trabalhar.
Desafios adicionais
Filmando a 120 quadros por
segundo, o diretor não apenas tem de prestar mais atenção no que está
acontecendo no filme e em todos os elementos dispostos na imagem, mas também
pensar em novas maneiras de apresentar as cenas. É por isso que, como os
trailers já demonstram claramente, teremos grandes closes, combates filmados
bem de perto e muito jogo de câmera para transportar quem assiste para dentro
das cenas de ação.
Ao trabalhar em Projeto Gemini,
Lee decidiu se impor barreiras adicionais, que tornam todo esse trabalho
detalhista ainda mais complexo. Não, o Will Smith jovem que você vê na tela não
passou pelo processo de rejuvenescimento que se tornou frequente em Hollywood e
pôde ser visto, por exemplo, aplicado a atores como Michael Douglas e Robert
Downey Jr. em longas recentes do Marvel Studios.
Pelo contrário, o que veremos nas
telas é uma recriação em computação gráfica do ator nos tempos em que ele ainda
era lembrado como o astro de séries clássicas como Um Maluco no Pedaço e
blockbusters como Independence Day. É um personagem digital, pura e simplesmente,
mas os produtores garantem que a tecnologia, aqui, é tão arrojada quanto o
próprio 3D+ e os espectadores não saberão a diferença entre o Smith digital e o
real.
Claro, o próprio ator participou
da criação de ambos os personagens, emprestando sua atuação à sua versão mais
jovem e gravando todas as cenas usando o já conhecido aparato de captura de
movimentos. Depois, entretanto, era trabalho dos especialistas em efeitos
visuais e dos computadores criarem um personagem digital que soasse verossímil
e, principalmente, detalhado o bastante para não destoar em um mundo gravado a
120 quadros por segundo.
Assim como a ideia da alta
contagem de quadros significando performance, esse também é um processo bem
conhecido pelos fãs dos games, usado para dar vida aos personagens realistas
dos principais títulos do mercado. Também não é novidade no cinema, claro, mas
dá para dizer que essa tecnologia jamais apareceu com esse nível de fidelidade
e, principalmente, colocada diante do público dessa forma.
Tudo para garantir que a história
de Henry Brogan, um assassino de elite que se vê na mira de um outro agente que
conhece todas as suas habilidades e prevê seus movimentos por ser, na verdade,
ele mesmo, brilhe nas telas. O combate de Smith contra Smith é o principal mote
de Projeto Gemini, que estreia no Brasil em 10 de outubro de 2019.
Fonte: canaltech
Por: Jenifer Moura
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