Cyberpunk: Mercenários | Crítica
Anime aprofunda o universo de Cyberpunk 2077 com história sobre ciclo de violência, implantes cibernéticos e esperança
Cyberpunk: Mercenários é o novo anime de temática cyberpunk do Studio Trigger, conhecido pelos aclamados Star Wars: Visions e Kill la Kill, situado no mesmo universo de Cyberpunk 2077.
A trama é isolada aos acontecimentos do jogo e acompanha David, um garoto pobre que perde a mãe em um acidente de carro e, de repente, se vê sozinho para sobreviver em Night City, uma cidade violenta e cruel. David, então, decide instalar um implante cibernético ilegal em seu corpo para ganhar um poder de agilidade sobre-humana, o que faz com que ele se envolva com um grupo criminoso de mercenários.
Esse é o pontapé inicial para uma história sobre ciclo de violência, implantes cibernéticos e esperança (além da falta dela), que aprofunda o universo de Cyberpunk 2077 de uma maneira que o próprio game da CD Projekt Red não faz.
A decisão de focar no arco isolado de um adolescente pobre e perdido é certeira e mostra, de maneira muito direta e sem rodeios, como Night City é impiedosa e dura – uma sensação que a experiência do jogo não alcança. Também há um foco maior no impacto do uso de tecnologias e implantes cibernéticos em humanos, que trazem consequências perigosas, e não apenas visuais maneiros.
Já a abordagem cyberpunk da animação japonesa acompanha a mesma linha de 2077, com cenas com conteúdo adulto e muito gore. Além de até contar com momentos cômicos que, apesar de poucos, encontram espaço e funcionam mesmo em meio a tanta brutalidade.
O visual de Cyberpunk: Mercenários explora cores fortes, principalmente azul, rosa e amarelo — uma mistura que agrada muito aos olhos
Com 10 episódios ao todo, o ritmo da animação japonesa é frenético, com reviravoltas, acontecimentos chocantes e pancadaria desenfreada a todo momento, o que adiciona um bom toque de imprevisibilidade.
Apesar do passo acelerado, os personagens principais (que fazem parte do grupo de mercenários) são bem explorados, com destaque para a hacker Lucy e a pequena Rebecca. É fácil se apegar e se importar com eles, uma vez que entendemos a personalidade e as motivações de cada um.
Não demora para David entrar para o grupo de mercenários, que é liderado por Maine
A direção de arte explora cores fortes e contrastantes, esbanjando neon para todo lado, algo característico do gênero e que já era esperado. Já as animações feitas pelo Studio Trigger são bem feitas e fluídas, principalmente em momentos de tiroteios e cabeças explodindo (o que, acredite, acontece muito por aqui!).
As aparências dos personagens também refletem as principais características do universo, com direito a pessoas com três olhos, pupilas coloridas, braços mecânicos alongados, espinhas de metal e mais elementos que gritam o sentimento de cyberpunk.
Assim, o visual geral do anime é bem colorido, chamativo e único, com muito acontecendo ao mesmo tempo – o que pode até confundir o espectador em alguns trechos por ser uma “explosão” visual. Além disso, também há inspirações mais diretas em Cyberpunk 2077, como os ícones de ligações e mensagens de texto que surgem na tela, que parecem ter saído diretamente do jogo.
As cenas de hackeamento também são baseadas na interface do jogo
Se você não jogou Cyberpunk 2077, não se preocupe. Cyberpunk: Mercenários conta com referências ao game, mas foi criado para servir como uma história à parte e fechadinha – e cumpre o prometido. O anime funciona bem sozinho e explica com contexto os elementos importantes para o entendimento da trama, como a neurodança e a existência de hackers e Ripperdocs (os “mecânicos” dos implantes).
Já aqueles que jogaram o título da CD Projekt, podem esperar por easter eggs e até cenas que referenciam momentos de 2077, como o clube Afterlife e a lanchonete em que o protagonista conversa com Johnny Silverhand pela primeira vez. Além da aparição de um personagem conhecido, mas melhor pararmos por aqui para não entregar nenhum spoiler.
Pessoalmente, sendo alguém que não gostou de Cyberpunk 2077, fiquei surpresa com a abordagem de Mercenários, que apresentou um lado inédito daquele universo e me apresentou melhor como é Night City do que o próprio game.
Assim, a animação japonesa apresenta uma história dura e profunda desse universo, que agrada tanto fãs do gênero quanto do jogo. E já fica o aviso de que o desfecho é difícil de esquecer e faz jus a tudo aquilo que entendemos como cyberpunk.
Cyberpunk: Mercenários já está disponível na Netflix.
POR: Thiago Amorim
FONTE: Jovem Nerd
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