Game of Thrones prepara o tabuleiro em episódio sobre família e reencontros
Game of Thrones sempre foi uma série cheia de núcleos e
personagens. Isso, inclusive, fazia muitos fãs ficarem perdidos entre quem eram
os Martell, Tyrell e várias outras famílias importantes. Com o passar do tempo
- e especialmente nesta última temporada - vários núcleos se uniram e tramas
foram afuniladas como nunca. Essa é uma das bases de "Winterfell",
episódio de estreia da oitava e última temporada: reencontros.
Para isso, o episódio dirigido por David Nutter (“Mother’s
Mercy”) aposta até em relembrar certos pontos do primeiro capítulo do seriado,
quando a família Stark recebe os Lannisters e Baratheons em Winterfell. A rima
narrativa entre a chegada de Cersei e Robert e a entrada de Jon e Daenerys está
ali e, para deixar ainda mais claro, a série toca um trechinho alterado da
música “The King’s Arrival”, que traz nostalgia e ao mesmo tempo medo.
Se para os fãs a cena remete à chegada de Robert há 8 anos
atrás, Sansa e Arya deixam claro para Jon Snow que a visita de Daenerys
representa um certo perigo para o Norte. Se uma possível rivalidade entre a
Lady de Winterfell e Dany ficou implícita nos primeiros teasers do novo ano,
aqui tudo fica muito claro. Sansa não está satisfeita com a nova lealdade de
Jon, e não porque ela não goste pessoalmente de Daenerys ou não aprove o
romance entre os dois. Sansa, assim como outros personagens, olha a união de
Jon e Dany como algo complicado e potencialmente perigoso para o modo de vida
no Norte.
Neste momento, a irmã Stark não tem tempo para julgar se
Daenerys é uma pessoa boa ou ruim. Ela é uma forasteira. Claro, como fãs de
personagens femininas tão fortes, seria satisfatório ver as duas lado a lado e
essa aliança ainda pode acontecer. Mas, sinceramente, é muito mais interessante
ver Sansa questionar a presença de Daenerys do que aceitá-la prontamente. A
Lady de Winterfell já sofreu muito em sua vida - pelas mãos de homens e
mulheres - e sua atitude aqui reflete um amadurecimento há muito esperado.
Há também outros reencontros icônicos no episódio e foi
bonito ver como a equipe teve o cuidado de entregar momentos fofos e difíceis
entre os personagens. O encontro entre Jon e Arya (ainda que pontuado pela
questão de lealdade entre famílias), foi um dos mais fraternos já vistos na TV.
Para quem não se lembra, os irmãos sempre foram muito unidos e não tinham se
visto desde o primeiro ano. Já Sansa revê Tyrion e a conversa entre os dois
enfatiza o quanto o personagem de Peter Dinklage ficou limitado nas temporadas
recentes. O fato de Sansa já perceber que Cersei mentiu em seu acordo revela o
quanto o caçula pode ter acreditado cegamente na irmã.
Mas até mesmo essa promessa entre irmãos leva ao outro ponto
central do começo do último ano: família. Em todos os núcleos, todas as
atitudes, sempre há um contexto de família permeando as ações. Ainda sem saber
de sua origem, Jon Snow monta um dragão pela primeira vez, em uma cena de ação
com pitadas de humor, e isso já deixa claro que o personagem terá que decidir
se quer ser um Targaryen ou um Stark. Por mais que Jon esteja preocupado com a
luta contra os mortos e isso seja importante para todos, a família pela qual
ele escolher viver terá um impacto profundo no futuro de Westeros (mais do que
a escolha de Theon, por exemplo).
Se decidir ser Targaryen, ele pode unir os Sete Reinos, mas
ficará contra a própria Daenerys, que lutou a vida toda por esse trono. Se
decidir ser Stark, ele abandonará o nome que sua mãe escolheu para ele.
Qualquer que seja sua decisão, ela terá importância no final e isso fica bem
claro desde já. E para complicar ainda mais, tal escolha também tem um valor
afetivo para Jon. Ele perdeu há muito tempo sua amada Ygritte e vê agora que
também pode perder Daenerys por conta dessas disputas de poder. Como o meistre
Aemon falou há muito tempo, “o amor é a morte do dever” e os homens Starks já
tomaram decisões estrategicamente questionáveis por amor. Infelizmente, Jon já
mostrou ter uma personalidade tão passional quanto as de Ned e Robb e fica
difícil imaginar que ele tomará uma decisão com base na razão neste momento.
Em uma temporada final com apenas seis episódios, Game of
Thrones começou sem tempo para assuntos menos importantes. Como a prévia do
próximo capítulo já mostra - veja aqui, a guerra se aproxima e logo todas essas
tramas precisarão ser resolvidas, para o bem ou para o mal. Ainda assim, o
primeiro capítulo acertou ao fazer encontros felizes e tristes (a cena entre
Daenerys e Sam é dolorosa) e colocar os personagens em lugares estratégicos
para a chegada do Rei da Noite. Para quem estava com saudades das intrigas
políticas misturadas com elementos fantásticos, este capítulo de abertura foi
um prato cheio e mostra porque a série é tão relevante atualmente.
A temporada final de Game of Thrones é transmitida aos
domingos pela HBO, às 22h. Os novos episódios também são disponibilizados
semanalmente no serviço de streaming HBO Go.
Fonte: Omelete
Por: O Espetacular David Aranha
Fonte: Omelete
Por: O Espetacular David Aranha
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