Brinquedo Assassino
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Remake falha no equilíbrio entre horror e comédia, mas tem
mérito em se distanciar do original
Depois de It: A Coisa, Cemitério Maldito e Halloween, não é
surpreendente que Brinquedo Assassino, terror de 1988, ganhe o seu remake. Com
algumas controvérsias na produção – já que este é o primeiro filme do Chucky
que não traz envolvimento do criador do personagem, Don Mancini – a nova versão
de Brinquedo Assassino tem seus problemas na modernização do boneco, e
transparece uma indecisão de gênero e tensão, mas ao contrário de remakes
recentes, acha seu valor em não se levar tão a sério.
As diferenças entre o original e o remake são diversas.
Desta vez, Chucky é um boneco de inteligência artificial, algo na linha da Siri
da Apple ou Alexa da Amazon, mas que perdeu os inibidores de censura e
violência ao ser alterado por um funcionário da fábrica. Andy, o garoto que é
presenteado com o brinquedo pela sua mãe, não tem mais 6 anos, e sim 14. Isto
talvez seja resultado das mentes por trás do remake; enquanto o diretor Lars
Klevberg e o roteirista Tyler Burton Smith estão no início de carreira, a
experiência nos bastidores vem da dupla de produtores David Katzenberg e Seth
Grahame-Smith, conhecidos pelos dois capítulos de It: A Coisa. Talvez por isso,
agora Andy é auxiliado por um grupo de amigos, o que dá ao novo Brinquedo
Assassino uma energia de filmes de pré-adolescentes, menos sóbrio que It, mas
apostando em uma camaradagem jovem que remete à Super 8 ou até Shazam.
Talvez tenha sido exatamente a ausência de Mancini (que se
recusou a participar do projeto alegando que a franquia segue viva e não
precisa de uma nova versão) que fez de o Brinquedo Assassino um remake tão
diferente. Ao contrário da onda atual, recheada de nostalgia, a nova versão é
inescrupulosamente inédita. Não há saudosismo ao original e sim uma vontade de
ser independente e descompromissado. Parte disso já está claro no elenco
adulto, formado por Aubrey Plaza e Brian Tyree Henry, duas sensações de séries
mais atuais, e o novato Gabriel Bateman no papel de Andy. Ainda, o boneco pela
primeira vez não é dublado por Brad Dourif, e sim por Mark Hamill. Todos os
nomes estão ótimos em seus papéis, apesar de Brinquedo Assassino não gastar
tempo em aprofundar nenhum de seus personagens.
Um dos maiores problemas do longa é uma indecisão do seu
próprio gênero. Recheado de mortes realmente violentas – e fazendo jus a
censura para maiores de 16 – a nova versão pode ser classificado como
terror-comédia, e apesar de se esforçar para manter esta energia, ele falha em
não encontrar profundidade real em ambos gêneros e acaba entregando um longa
nem violento demais nem engraçado demais. Também, o filme cai na armadilha da
moda de Black Mirror, achando que a tecnologia seria mais assustadora do que a
reencarnação de um psicopata (como no longa de 88). Na realidade, tornar Chucky
uma I.A. fez com que o boneco não apenas perdesse sua personalidade como também
seu principal fator assombroso, confiando no talento de Hamill para entregar
carisma ao boneco. O ator faz o possível e rende boas risadas, mas o filme não
se salva do óbvio questionamento por trás do visual de Chucky, que é
definitivamente distante do que seria um assistente virtual em 2019.
Enquanto a confusão de estilo e a superficialidade
prejudicam a nova versão do Brinquedo Assassino, isso é equilibrado pelo fato
de que o filme não tem aspirações de se igualar ao original. Um produto
totalmente distinto, o novo longa difere do resultado de muitos remakes atuais,
já que não se sustenta em nostalgia e parte em um caminho próprio, com mérito
na falta de compromisso e resultando em um passatempo simplesmente divertido.
Por:Marica Cianfa
Fonte:Omelete
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