Rafael Ramos é preso por injúria racial; Corinthians paga fiança

 Rafael Ramos, lateral direito do Corinthians, foi preso em flagrante, dia 14, depois de ser acusado de praticar racismo contra Edenilson, do Internacional. O jogador foi autuado por injúria racial e detido no posto policial do estádio Beira-Rio, palco do jogo válido pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro. Logo depois da 0h, o Corinthians fez o pagamento da fiança, em espécie, e o atleta responderá em liberdade. O valor da fiança foi de R$ 10 mil. Aos 27 anos, Rafael Ramos chegou ao Corinthians neste ano. Ao UOL Esporte, o delegado Carlo Butarelli, da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, confirmou a detenção do jogador De acordo com a Polícia Civil, a prisão em flagrante ocorreu depois da queixa de Edenilson e do relato em súmula. O documento oficial da partida registrou a acusação de Edenilson e detalhou a conversa entre os jogadores durante os cinco minutos.

De paralisação do jogo. Dois agentes da polícia ingressaram no setor de vestiários do Beira-Rio logo depois da partida. O depoimento de Edenilson, no entanto, ocorreu mais de uma hora depois do apito final. Nas redes sociais, o camisa 8 do Inter revelou que procurou Rafael Ramos para ouvir um pedido de desculpas, mas escutou negativa por parte do português e, aí, decidiu registrar Boletim de Ocorrência. Ainda de acordo com a polícia, com pagamento de fiança o jogador responderá pelo inquérito em liberdade.

Edenílson se manifestou pelas redes sociais após o ocorrido.

 "Boa noite, pessoal, passando aqui apenas para me pronunciar. Eu sei o que ouvi. Realmente eu não reagi provavelmente da forma que deveria pois foi a primeira vez que isso aconteceu comigo. Me incomoda o fato de ficar chamando atenção de outra forma que não seja jogando futebol (quem me conhece sabe): ser xingado pelo tom da minha pele. Minha reação foi a de não paralisar a partida pois o jogo estava bom e, ao mesmo tempo, eu não queria que tomasse a proporção que tomou justamente por nunca ter passado por isso. Eu procurei o atleta para que ele assumisse e me pedisse desculpas, afinal, todos erramos e temos o direto de admitir, no meu modo de ver as coisas, mas o mesmo continuou a dizer que eu havia entendido errado. Eu não entendi errado. O procurei pelo respeito que tenho por alguns integrantes do Corinthians e para que ele pudesse ter uma chance de se redimir, pois, independente da nossa cor, o caráter sempre falará mais alto. Enfim, peço desculpas por não estar preparado para reagir a algo deste tipo"

Rafael Ramos se defende

"Estou aqui de consciência e cabeça limpa para explicar o que acontece. Puramente um mal entendido. No fim do jogo fui ter uma conversa com ele, tivemos uma conversa tranquila. Expliquei o que tinha acontecido, ele explicou o que tinha entendido. Expliquei a verdade. Ele mostrou receio de passar por mentiroso, e expliquei a ele que ele não é um mentiroso, que apenas entendeu errado. Apertamos a mão, e desejo boa sorte a ele"

Corinthians repudia racismo.

"O Corinthians reafirma que, coerente com seus 111 anos de história, repudia e não compactua com o racismo. O atleta Rafael Ramos foi ouvido pelo clube e deu versão diferente do incidente no Beira-Rio, durante a partida contra o Internacional pelo Brasileirão 2022. Logo depois, seguro de que não proferiu injúria racial, fez questão de se explicar a Edenilson, no vestiário do Internacional. Em decorrência da denúncia feita pelo atleta colorado, a lei obriga que se trate o caso como flagrante, seguido de detenção. O pagamento de fiança não implica admissão de culpa, permitindo ao atleta que se defenda"

Vitor Pereira, técnico do Corinthians, diz acreditar nos dois jogadores.

O treinador português disse acreditar que o lateral-direito não usou nenhum termo racista, e comentou que Edenílson pode ter interpretado a fala do defensor de outra maneira. Vítor não quis apontar quem está certo ou errado na história. "Eu acredito nas pessoas. Acredito no Rafael e no que ele me disse. Pelo que conheço, da educação do Rafael, acho praticamente impossível ele ter um comportamento como o Edenílson diz que teve. Eu falei com o Edenílson, acredito que ele percebeu da forma como entendeu. Eu já tive essa experiência. Português e o brasileiro não são as mesmas línguas. Nós dizemos coisas que vocês não entendem, e a mesma coisa vocês com os portugueses. Eu tenho feito esse esforço de falar mais em brasileiro, que não é a mesma coisa. Eu não estou dizendo quem está certo. Acredito nos dois", afirmou o treinador.

Fonte: uol

por: Gui

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