Peça traz palhaço surdo como protagonista da inclusão
Peça traz palhaço surdo como
protagonista da inclusão
Artista Igor Rocha interpreta o
palhaço Surddy e estreia nesta quinta (23) o exercício cênico "A
Chegada", no Teatro Hermilo, dentro do projeto Rumos Itaú Cultural
O Teatro Hermilo Borba Filho vai
receber, nesta quinta (23) e sexta-feira (24), a apresentação de um exercício cênico do
artista Igor Rocha. Em "A Chegada", ele interpreta o palhaço Surddy,
provando que a deficiência auditiva não é empecilho para se expressar o
potencial artístico. A ação é gratuita, aberta ao público - que participa de
bate-papo ao final da apresentação, e compõe um projeto de formação patrocinado
pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018, um dos principais projetos de fomento à
cultura no Brasil.
"Não chega a ser um
espetáculo, é uma apresentação de apenas 25 minutos seguida por um debate. Esta
é a primeira ação profissional de Igor, que vem de uma trajetória de
participações menores em congressos e palestras. Há incríveis artistas surdos,
pintores, atores, poetas, mas muitas vezes, por terem facilidade de acesso aos
espaços de cultura, eles não chegam a ocupar um teatro da cidade do Recife,
como vai acontecer agora. Ele inaugura a comunidade surda também como
protagonista da cena, já que a maioria das ações de acessibilidade diz respeito
apenas à recepção do público, como a presença de intérpretes em Libras. Então,
ele estar como artista principal em um projeto de grande porte como este é algo
de extrema importância", avalia Andreza Nóbrega, que é a diretora de
"A Chegada".
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Para Igor Rocha, esta é
precisamente a maior importância de se inscrever como profissional no teatro.
"É preciso mostrar a cultura surda brasileira, assim como acontece em
outros países. Desta forma, eu posso mostrar que a surdez não limita as minhas
capacidades artísticas", destaca. Igor diz ainda que seu objetivo é
fomentar a interação entre surdos e ouvintes - para que, no processo de fazer
com que a cultura surda adentre a cultura ouvinte, possa, de fato, haver
inclusão.
"Um exemplo dessa interação
foi durante a formação do Palhaço Surddy. Os
ministrantes das oficinas tiveram a oportunidade de vivenciar nossa
cultura e aprender Libras comigo", relembra, ao falar das três oficinas
que ministrou durante quatro meses, de mágica, palhaçaria e jogo cômico. Igor
lamenta que os surdos geralmente não possam frequentar os teatros, já que os
espaços desconhecem essa cultura e não costumam contratar intérpretes em Libras
para os espetáculos.
Por: Márcia
Fonte: folhape
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